quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Um mundo de possibilidades




Foram três dias empacotando os objetos daquele que foi o seu ofício por três anos: caneta, caderno, pendrive, gravador. Todos, grandes companheiros de sua rotina. As lembranças também foram colocadas na bolsa vermelha, que usava de vez em quando para dar cor a sua roupa monocromática. Uma a uma, ela pôs ali. Memórias de pessoas que já não compartilhavam o convívio diário e saudades daqueles que iriam ficar por mais algum tempo. Iria sempre lembrar dos sorrisos largos, das brincadeiras fora de hora, dos almoços animados, das compras no meio do dia, das músicas que acalmavam o estresse e do cafezinho que a acordava pela manhã ou à tarde.

O processo não foi tão fácil, mas a saída, apesar de tudo, foi tranquila. No último dia, recebeu o carinho dos mais íntimos e palavras doces dos amigos mais queridos. Expressões do afeto e do respeito pela história que estava sendo finalizada a fim de ser continuada e escrita em um novo papel. Antes de sair, observou cada detalhe atentamente, porque quando um dia voltasse para rever os amigos, seus olhos não a deixariam enxergar com as nuances de outrora. Ao passar pela porta, vislumbrou as inúmeras oportunidades que, a partir daquele instante, surgiriam. E assim foi. E ela se foi. A desbravar um mundo. Um mundo de possibilidades.